Por Graziella Nunes, Paloma Nicodemos, Viviani Lara
RESUMO:
Há um aumento da demanda de pacientes que adentram no serviço de emergência, isso extrapola a capacidade resolutiva dos serviços. O resultado dessa situação é a superlotação nos serviços de emergência, serviço este que perde a sua caracterização, pois se mantém pacientes graves internados nesta unidade; caracterizando o setor de emergência como uma unidade de terapia intensiva.A triagem dos pacientes é fundamental para garantir o fluxo dos usuários deste serviço, assim como a classificação de atendimento dos mesmos. Este trabalho tem como objetivo conhecer as prioridades de atendimento no setor de emergência sob o olhar do fisioterapeuta, criando um score de prioridade de atendimento no setor de emergência, garantindo o atendimento correto e completo dos pacientes.
INTRODUÇÃO:
Para organizar uma rede que atenda aos principais problemas de saúde dos usuários na área de urgência e emergência de forma resolutiva, é necessário considerar o perfil epidemiológico e demográfico brasileiro 1. Nos últimos anos é notável o aumento da demanda de pacientes que adentram no serviço de emergência, o que poderia ser justificado pela falta de estrutura da atenção básica, pelo crescimento do número de acidentes (automobilístico, quedas, atropelamentos, e etc.), e pela violência urbana 2,3. Soma-se a isso as doenças relacionadas ao sistema circulatório, acidente vascular cerebral e ao envelhecimento da população, levando ao aumento significativo da expectativa de vida nas últimas décadas 4.
O resultado dessa situação é a superlotação nos serviços de emergência, serviço este que perde a sua caracterização, pois se acaba mantendo pacientes graves internados nesta unidade; caracterizando o setor de emergência como uma unidade de terapia intensiva 2.
Basicamente os cuidados prestados na emergência, eram compostos por médicos e enfermeiros habilitados no cuidado do trauma agudo, doenças clínicas agudas ou exacerbação de doenças crônicas 5. Os pacientes que não necessitavam ser admitidos no hospital, mas que requeriam o atendimento da fisioterapia eram encaminhados para o serviço de Fisioterapia ambulatorial 6. Mas no ano de 2000 o hospital estadual do Grajaú-SP, teve pela primeira vez a interação do fisioterapeuta á equipe atuante na emergência 7.
Porém, a atuação do fisioterapeuta nesta unidade ainda não está bem consolidada ou definida em modelos organizacionais. Ainda existem hospitais no Brasil sem essa especialidade no setor de emergência, no Reino Unido a na Austrália, por exemplo, inserir o fisioterapeuta no setor da emergência promovem discussões sobre o beneficio da atuação destes profissionais 8.
No estudo realizado em 2013, cujo objetivo foi avaliar as indicações para, a inserção do profissional fisioterapeuta em uma unidade de emergência, os resultados obtidos e apresentados foram suporte rápido e eficiente nas disfunções cardiorrespiratórias, evitar o agravamento deste do quadro e até mesmo revertendo-o com uso de ventilação mecânica não invasiva, evitando a necessidade de intubação orotraqueal e consequentemente diminuindo o tempo de internação,aumento significativo na alta hospitalar da população idosa com afecções respiratórias, auxílio na intubação orotraqueal e manejo ventilatório invasivo e não invasivo 5.
OBJETIVO:
Criar um score de prioridade de atendimento em fisioterapia no Pronto socorro adulto de um hospital público, no extremo sul de São Paulo.
MÉTODO:
O estudo foi realizado através de uma revisão sistemática de literatura, considerando a relevância do tema, buscando conhecer a prioridade de atendimento no setor de emergência sob o olhar do fisioterapeuta.De acordo com as informações encontradas na literatura foi criado um fluxograma (score) de atendimento sendo este determinado por cores.
As cores do score determinam a prioridade do atendimento. O critério 1A de atendimento é o primeiro, classificado como prioridade de cor vermelha, os itens da tabela incluem: Parada cardiorrespiratória, intubação orotraqueal eletiva, insuficiência respiratória por hipoxemia e rebaixamento do nível de consciência. O critério 2B de atendimento é o segundo classificado como prioridade de cor amarela, e incluem pacientes em programação/evolução de desmame ventilatório, ventilação mecânica não invasiva e paciente hipersecretivo. Os demais critérios 3C e4Dincluem pacientes ventilados mecanicanicamente, estáveis, pacientes em uso de oxigenoterapia, paciente acamado e ou debilitado, pacientes sob ventilação mecânica que necessitam da presença do fisioterapeuta no transporte para exames e transferências. Todos os paciente que estão classificados nos itens 2B, 3C e 4Dque evoluir com instabilidade hemodinâmica, passam a ser critério 1A de atendimento.
CONCLUSÃO:
Conclui-se a importância da criação de um score, no qual visa a melhora do atendimento para o paciente, em relação apercepção do profissional no setor de emergência. Devido a importância do score de prioridade de atendimento de fisioterapia em emergência, sugere- se que os próximos passos devem ser a aplicação e validação do mesmo e que, outros estudos sejam desenvolvidos.
REFERÊNCIAS:
1. Manual Instrutivo da Rede de Atenção às Urgências e Emergências no Sistema Único de Saúde (SUS); Brasília, 2013. Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/manual_instrutivo_rede_atencao_urgencias.pdf>. Acesso em: 02 jun.; 2016.
2. Paixão, T. C. R. D., Campanharo, C. R. V., Lopes, M. C. B. T., Okuno, M. F. P., & Batista, R. E. A. (2015). Nursing staff sizing in theemergencyroomof a university hospital. Revista da Escola de Enfermagem da USP, 49(3), 481-487.
3. Guedes, H. M., Almeida, Á. G. P., Ferreira, F. D. O., Vieira Júnior, G., &Chianca, T. C. M. (2014). Classificação de risco: retrato de população atendida num serviço de urgência brasileiro. Revista de Enfermagem Referência, (1), 37-44.
4. INSTITUTO BRASILEIRO EM GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Censo 2010. Disponível em: <http://www.censo2010.ibge.gov.br>. Acesso em: 02 jun.; 2016.
5. Werle, R. W.,Kutchak, F., Piccoli, A., & de Mello Rieder, M. (2013). Indicações para inserção do profissional fisioterapeuta em uma unidade de emergência. ASSOBRAFIR Ciência, 4(1), 33-41.
6. Kilner E, Sheppard L. The ‘lone ranger’: a descriptivestudyofphysiotherapypractice in AustralianemergencyDepartments. Physiotherapy. 2010 Sep;96(3):248-56.
7. Gonçalves, A. C. S. (2014). Perfil clínico dos pacientes atendidos pelo serviço de fisioterapia na unidade de urgência e emergência de um hospital público de Minas Gerais. ASSOBRAFIR Ciência, 5(3), 55-62.
8. Anaf S, Sheppard LA. Lost in translation? Howpatientsperceivetheextendedscopeofphysiotherapy in theemergencydepartment. Physiotherapy. 2010 Jun;96(2):160-8.
Fonte: Revista Brasileira de Fisioterapia em Emergência, Ed. I, São Paulo – SP / BR, 2020.