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Por Carolina Lopes, Viviani Lara

As doenças do sistema respiratório que causam obstrução do fluxo aéreo são as mais frequentes nas unidades de emergências. O broncoespasmo é um sintoma muito importante recorrente de dispneia e obstrução de fluxo aéreo. O papel do fisioterapeuta é avaliar a medida do Pico de Fluxo Expiratório (PFE), pois a aferição é de enorme benefício para os pacientes em crise, ajudando na identificação precoce dos que necessitam de outra intervenção. OBJETIVO: Avaliar grau de obstrução de fluxo aéreo no primeiro segundo, através de um Peak Flow, nos momentos inicial, pré e pós broncodilatador por via inalatória, evolução clínica do paciente com base na resposta aos agentes broncodilatadores e a possível intervenção fisioterapêutica. MÉTODOS: Trata-se de uma pesquisa prospectiva, com desenho não-experimental do tipo interrelacional. Que foi realizada no Pronto Socorro Adulto de um Hospital Geral na Zona Sul de São Paulo. A coleta de dados foi realizada através da medida do pico de fluxo expiratório com um aparelho chamado Peak Flow, acoplado a um bocal, onde foi solicitado que o paciente inspirasse o mais profundo possível, colocasse o bocal nos lábios e expirasse o mais rápido possível. Repetindo três vezes e escolhido o maior valor alcançado. Foram avaliados 21 pacientes. Para análise dos resultados foi aplicada a Análise de variância de Friedman e o teste de Mann – Whitney. RESULTADOS: Notou-se que os pacientes de gênero masculino alcançam o maior PFE após a segunda inalação e os pacientes de gênero feminino só alcançam após a terceira inalação, no qual houve diferença significativa (p<0,05). Também houve diferença significativa (p<0,05) entre o Pico de Fluxo Expiratório dos pacientes de gênero masculino que são maiores que o feminino desde a primeira medida. CONCLUSÃO: A medida do PFE antes e após o uso de broncodilatadores por via inalatória mostrou-se importante como um indicador prognóstico útil para o desfecho de broncoespasmo na sala de emergência.

Introdução:

O broncoespasmo é um sintoma muito importante recorrente de dispneia e obstrução variável do fluxo aéreo, que resulta em contração da musculatura lisa das vias aéreas, aumento da permeabilidade capilar, extravasamento capilar, edema e espessamento da mucosa brônquica . Na ausculta pulmonar há sibilos ou murmúrio vesicular diminuído, associado ao ruído adventício. Os pacientes em crise de broncoespasmo só são hospitalizados após um tratamento inicial na sala de emergência sem apresentar melhora. O pico de fluxo expiratório (PFE) representa a taxa máxima que o ar é expelido dos pulmões, medida em litros por minuto (L/min). Em pacientes com doenças obstrutivas a medida de PFE indica o grau de obstrução das vias aéreas. A análise do PFE é baseada em valores preditos de acordo com a idade, altura e gênero.

Objetivo:

Avaliar a função respiratória de pacientes atendidos com broncoespasmo em um serviço de emergência de um hospital público da Região Sul da cidade de São Paulo. Avaliar o grau de obstrução de fluxo aéreo no momento inicial, pré e pós uso de broncodilatador inalatório. Avaliar a evolução clínica do paciente.Identificar e descrever as intervenções fisioterapêuticas.

Método:

O paciente que apresentou broncoespasmo e foi prescrito pelo médico broncodilatador por via inalatória foi direcionado a sala de medicação, onde aconteceu uma avaliação fisioterapêutica. A coleta de dados foi realizada através da medida do PFE com um aparelho chamado Peak Flow, da marca Assess®, sendo preenchida uma ficha de avaliação. A medida do PFE foi realizada com um Peak Flow acoplado a um bocal descartável, onde foi solicitado que o paciente inspirasse o mais profundo possível, colocasse o bocal nos lábios e expirasse o mais rápido possível. Foram três expirações da qual foi escolhido o maior valor alcançado. Os valores de referência foram baseados em uma tabela que estava junto com o aparelho.Como não havia instrumento para avaliar a altura do paciente no Pronto Socorro, foi fixado para mulheres um valor subjetivo para altura de 155 cm e homens 165 cm. A primeira medida foi realizada antes de qualquer intervenção médica, na qual ocorreu uma avaliação fisioterapêutica. Nos casos em que o médico indicou broncodilatador por via inalatória, foi mensurado o PFE após a 1ª, 2ª e 3ª inalação e verificado a evolução do paciente após as três inalações. A decisão de internação ou alta do serviço de emergência ficou a cargo do médico, sem interferência dos membros da pesquisa.

Na Tabela I, a análise com o Teste de Mann-Whitney mostrou que houve diferença significativa (p<0,05) entre o Pico de Fluxo Expiratório dos pacientes de gênero masculino que são maiores que o feminino desde a primeira medida.

Segundo a Tabela II, notou-se que os pacientes de gênero masculino alcançam o maior PFE após a segunda inalação e os pacientes de gênero feminino só alcançam após a terceira inalação, no qual também houve diferença significativa (p<0,05), através da análise de Variância de Friedman. Todos os pacientes foram observados pelos membros da pesquisa após medidas medicamentosas a fim de saber o desfecho. Entre eles, 15 pacientes (71,53%) não necessitaram de intervenção após medidas. Porém, 4 (19,05%) apresentaram queda de saturação, necessitando de intervenção com a oferta de oxigênio  por cateter nasal, 2 (9,52%) pacientes não apresentaram melhora do quadro sendo necessário associar a terapia medicamentosa com a VMNI, sendo que 1 deles evoluiu para IOT, necessitando de Ventilação Mecânica Invasiva (VMI), onde o fisioterapeuta auxiliou na intubação, acoplou no ventilador e ajustou os parâmetros ventilatórios (Figura 1).  Destes, 5 pacientes são DPOC e 1 asmático.

Discussão :

O presente estudo através da análise de Variância de Friedman mostrou que os valores do PFE observados após a 3ª inalação no gênero feminino, foram significantemente maiores do que os observados na pré inalação. Já no gênero masculino, os valores do PFE após a 2ª inalação foram significantemente maiores do que os da pré inalação. Na análise com o Teste de Mann-Whitney mostrou que os valores de PFE no gênero masculino são sempre maiores do que no gênero feminino, assim como mostram as tabelas com os valores de referências. Simsic e colaboradores confirmam em seu estudo que há uma tendência de maiores valores do PFE em indivíduos do gênero masculino.Em 2009, Paes et al., realizaram um estudo em São Carlos (SP) que comparou os valores de referência para PFE sugeridos por outros autores com os valores de PFE coletados de uma amostra de 243 pessoas de ambos os sexos entre 20 e 70 anos dessa cidade, para verificar se há concordância entre estes. A pesquisa mostrou que há diferença significativa em algumas faixas etárias entre os estudos, concluindo que o valor de referencia para PFE depende das características de cada população.No presente estudo foi utilizada apenas a medida do PFE como variável funcional pulmonar, pois é a maneira rápida, prática e econômica para usar em um serviço de emergência. Além de fornecer dados objetivos para avaliar a gravidade da obstrução do fluxo aéreo, possibilitando uma intervenção imediata para reversão do quadro e mostrar através de valores a resposta ao tratamento.Dos pacientes que entraram no PSA em broncoespasmo, 33,3% têm asma e 66,6% a DPOC. Ambos apresentam distúrbio obstrutivo com redução do fluxo aéreo. Porém na asma essa redução pode ser revertida espontaneamente ou após o tratamento, já na DPOC essa limitação é persistente, não totalmente reversível após uso de broncodilatador (12). Entretanto, foi observado nesse estudo que todos os pacientes, tanto DPOC quanto asmáticos, apresentaram melhora significativa do PFE. E na DPOC, mesmo não sendo reversível, quando em broncoespasmo há o aumento dessa obstrução, logo o uso da medida de PFE implica em mostrar se há melhora ou não com o tratamento proposto.  Conclusão: A medida do PFE antes e após broncodilatadores por via inalatória mostrou-se importante como um indicador prognóstico útil para o desfecho de broncoespasmo na sala de emergência, indicando o aumento ou não da obstrução do fluxo aéreo, a resposta ao tratamento e a necessidade do uso de oxigênio e ou VM. A maioria dos trabalhos encontrados na literatura relatam a eficácia do uso do PFE apenas na asma. Com isso, sugere-se a realização de novas pesquisas de pacientes com DPOC, pois a medida do PFE é importante em ambas as patologias.

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